domingo, 20 de abril de 2008

Pegue o lápis mais colorido que tiver e risque uma porta no chão. Não tem de ser necessariamente uma porta, só precisa ser uma abertura grande o bastante pra te deixar passar.
Eu vou estar sentado na sala da Casa das Dúvidas e sei que você conhece bem a entrada...
Sempre achei que já havia me acostumado a esse lugar. Deve ser a mágica do tempo, mas ví você cruzar a mesma porta e olhar os cômodos novos. E era como se através de você o cheiro de madeira voltasse a ser fresco e o que era desbotado sorrisse timidamente, mostrando um resquício luminoso de cor.
Então você respirou fundo e fingiu coragem, enquanto eu quis dizer para não ter medo de estar assustado... é normal.
A casa é grande e tem muitos cômodos.
É tão grande que quando se chega nela pela primeira vez pensa-se que ela não tem fim. Mas o número de salões, embora secreto, é exato, finito. Nela o infinito mora em seus detalhes mínimos. O fato de deixarmos alguns passarem despercebidos é o que os torna eternos.
O novo, aqui, surge das coisas antigas que nunca foram notadas, mas que mesmo assim sempre te esperam com um sorriso. Pode até ser que muitas sejam familiares a mim, mas pra você elas se mostrarão novas, vaidosas que são, aos seus olhos.
Uma casa de velhas lembranças talvez seja um lugar de encontro onde todos as nossas partes - acreditando aqui que a cada momento deixamos de ser quem somos e nos tonamos algo novo- que a muito julgamos esquecidas pelo tempo, resolvem vir e visitar umas às outras para verificar as fundações que se estabelecem a partir da simples possibilidade de tudo que ainda se pode construir...





Para T., do meu eu passado e também do meu eu presente, que se torna passado a medida que escrevo, na esperança de que seja também válido para o meu eu futuro.

Nenhum comentário: